Se tornou rotina nos bastidores das conversas políticas e também em espaços de análises, como este, falar de quem e de quais são as possibilidades para as eleições do Palácio Anchieta, em 2026. Mas faltando mais de um ano para o comparecimento às urnas, por que está tão acelerado este debate?
O primeiro ponto a ser refletido envolve um vácuo de referências. De 2003 até aqui, o Estado só foi governado por Paulo Hartung (a caminho do PSD) e Renato Casagrande (PSB). Não chega ao ponto do revezamento como entre Sergio Vidigal (PDT) e Audifax Barcelos (Progressistas) na Serra, mas são mais 20 anos com duas figuras que trouxeram estabilização e desenvolvimento ao Espírito Santos após momentos turbulentos.
Digamos que os eleitores se “acostumaram” com a presença dessas figuras. Em seis eleições, de 2002 a 2022, PH e Casagrande ora se enfrentaram ora estiveram sem o rival nas urnas e foram vencedores. Pelo histórico e contribuição, ficou muito mais confortável escolhê-los.
E quando acaba esse período, quem fica de herdeiro? Em 2018, Hartung não criou alguém para dizer que era seu pupilo e, talvez, nem o timing ajudasse, com ecos da inesquecível e sangrenta Greve da PM, em 2017. Foi assim que o socialista apareceu novamente e tomou as rédeas e obteve, por dois sufrágios, o direito de comandar o Palácio Anchieta por oito anos.
Diferentemente do ex-governador, o atual chefe do Executivo, com aspirações de lançar sua candidatura ao Senado, busca viabilizar sucessor e o favorito é o vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço (MDB). Só que até mesmo no grupo de Casagrande são enxergadas fragilidades quanto ao emedebista, e não por acaso há movimentos para lá de contundentes do prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido), em se viabilizar também.
No meio do caminho há federações imponentes, como a União Progressista, criada pelos partidos União Brasil e Progressistas, que observa o desenrolar, endossa apoio para os passos de Casagrande, mas deseja espaço premium no desenvolvimento das articulações.
Rivais também percebem oportunidades. Se em 2022 o PL deu trabalho, motivado pelo bolsonarismo, o Republicanos, com seu viés de centro-direita, procura uma coalizão e elementos para mostrar que é possível furar a bolha da Grande Vitória e apresentar o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), como candidato ao governo. Justificativas como voto mais conservador embasam essa iniciativa, além do argumento de renovação, após 20 anos de revezamento PH-Casagrande.
Nessas linhas tortas, de um modo geral, o que se pode verificar é que fim de um ciclo estável, com duas figuras que marcaram época na condução do Palácio Anchieta, cria instabilidade. Diversos fatores vão ser preponderantes para o triunfo, como reunião de grupos políticos, cabos eleitorais e, claro, recursos para uma campanha que promete ser muito equilibrada.