Por Robson Maia / Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil)
Levantamento aponta que maioria dos eleitores pretendem votar em candidatos que atualmente não ocupam cargos de deputado estadual ou federal.
Uma pesquisa de opinião do Instituto Veritá realizada com 1.058 eleitores revelou que a maioria da população do Espírito Santo deseja renovação no Legislativo estadual e federal nas eleições de 2026. O levantamento, que ouviu moradores de diversas faixas etárias, níveis de escolaridade e rendas familiares, indica um cenário de insatisfação ou cansaço com os atuais representantes.
Renovação é desejo majoritário
Quando perguntados sobre a intenção de voto para deputado estadual, 59,5% dos entrevistados afirmaram que votariam em um candidato novo, que atualmente não ocupa mandato. Apenas 34% demonstraram preferência por reeleger deputados estaduais. Outros 6,5% se declararam indiferentes.
Para deputado federal, o cenário se repete: 60,2% dos entrevistados disseram que preferem renovar, optando por nomes novos. Já 32,6% afirmaram que votariam em um parlamentar que já ocupa uma cadeira na Câmara dos Deputados, e 7,1% se disseram indiferentes.
Diretor prevê renovação com cautela
Apesar de entender que a pesquisa direciona para uma renovação considerável da parcela de deputados, o direto do Instituto Veritá, Pablo Boechat, faz um alerta para a fragmentação de candidaturas em 2026 que poderá resultar em dispersão de votos. Para ele, esse fenômeno favorece a manutenção de nomes consolidados e que já ocupam cadeiras.
“Essa análise precisa ser feita de forma muito fria e estratégica. Pessoalmente, acho que terá, sim, uma renovação, mas não tanto quanto revelam os números, porque no final das contas não há concentração de votos em pessoas determinadas. Esse percentual que falou que deseja a renovação tanto na Assembleia, quanto dos parlamentares da Câmara Federal, vai se fragmentar em dez, vinte, cinquenta, e até cem nomes”, disse Pablo Boechat, do Instituto Veritá.
Diferenças por perfil demográfico
A pesquisa também detalhou o perfil dos eleitores segundo sexo, idade, escolaridade, renda, religião, cor/raça e ocupação, revelando nuances importantes no comportamento eleitoral. Confira:
- Por sexo:
Entre os homens, 50,4% preferem renovar a Assembleia Legislativa, e 48,3% a Câmara dos Deputados.
Entre as mulheres, a taxa é semelhante para estadual (47,9%), mas cai levemente para federal (47,3%).
- Por faixa etária:
O desejo de renovação é mais forte entre os eleitores de 45 a 59 anos (57,1% para estadual e 51,9% para federal).
Curiosamente, os mais jovens (16 a 24 anos) estão mais divididos no voto federal: 32,7% votariam em deputados atuais e 32,7% em novos nomes, com destaque para a alta taxa de “não sabe/não respondeu” nessa faixa (30,7%).
- Por escolaridade:
O apoio à renovação cresce com o nível de instrução. Entre os que têm ensino superior completo ou incompleto, 50,8% querem renovação estadual e 52,1% federal.
Já entre os que estudaram até a 8ª série, a tendência é um pouco menor, mas ainda majoritária: 43,6% estadual e 45,6% federal.
- Por renda:
A faixa com renda familiar entre 2 e 5 salários mínimos foi a que mais defendeu a renovação: 56,4% para estadual e 57,2% para federal.
Entre os que ganham mais de 5 salários mínimos, o desejo por renovação no Congresso chega a 60,1%.
- Por religião:
Evangélicos são os que mais expressaram intenção de renovação: 56,6% para estadual e 55,0% para federal.
Católicos também demonstraram alto índice de insatisfação com os atuais representantes (54,1% e 56,9%).
Alta taxa de indecisos e abstenções
Apesar do desejo de mudança, a pesquisa revelou um dado preocupante: 17,5% dos entrevistados se abstiveram ou não souberam responder sobre a eleição para deputado estadual, e 20,8% sobre a federal. Isso pode indicar desinteresse, falta de informação ou mesmo ceticismo em relação à política.
A pesquisa deixa claro que, em 2026, a disputa legislativa no Espírito Santo deverá ser marcada por um forte apelo por renovação. Os atuais parlamentares, tanto estaduais quanto federais, enfrentarão um eleitorado mais crítico e, em sua maioria, disposto a apostar em novos nomes. Para os partidos e candidatos, a mensagem é clara: renovar o discurso, as práticas e o compromisso com a população pode ser a chave para conquistar a confiança dos eleitores.
Apoio de Casagrande terá peso em 2026
A mesma pesquisa do Instituto Veritá apontou que o apoio do atual governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, PSB, pode ser um fator decisivo na corrida ao Palácio Anchieta em 2026. Embora Casagrande esteja impedido de disputar a reeleição (está no segundo mandato consecutivo), sua influência política continua relevante entre os eleitores capixabas e pode indicar o caminho do xadrez político.
De acordo com o levantamento, 32% dos entrevistados afirmaram que votariam no candidato indicado por Casagrande, enquanto outros 32,1% disseram que talvez considerariam essa possibilidade. Somados, os números revelam que 64,1% do eleitorado estão abertos a seguir a orientação do atual governador. Por outro lado, 35,9% afirmaram que não votariam em um nome apoiado por ele.