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Instituto acende alerta: ES trata só 44,5% do esgoto que produz

Por assessoria / Foto: Ana Paula, Gandini, Luana e Lucilaine: visita para discutir a situação das cidades capixabas sob o olhar do saneamento básico (Crédito. Gleberson Nascimento)

ES investe quase o dobro da média nacional em saneamento, mas esbarra no tratamento de esgoto

O Espírito Santo se destaca no cenário nacional por investir, proporcionalmente, quase o dobro da média brasileira em saneamento básico. Apesar do avanço, o maior desafio do Estado está na coleta e no tratamento de esgoto.

O alerta é da presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, que esteve em Vitória a convite da diretora-presidente do Aegea ES, Lucilaine Medeiros. O grupo, também composto pela gerente de Comunicação Corporativa da Aegea, Ana Paula Garcia, foi recebido pelo deputado estadual Fabrício Gandini, presidente da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa.

Segundo o Instituto, que há 18 anos atua para fomentar o avanço do saneamento no País, o Espírito Santo investe, em média, R$ 223 por habitante/ano, contra R$ 124 na média nacional.

Mesmo assim, apenas 59,5% da população capixaba tem coleta de esgoto, e somente 44,5% do volume gerado recebe tratamento. Já o acesso à água chega a 84% dos moradores.

“Temos a meta do Marco Legal do Saneamento para até 2033: 99% da população com acesso à água e 90% com coleta e tratamento de esgoto. Hoje, o Estado precisa saltar de 84% para 99% em água, e de 59,5% para 90% em coleta. Esse é o grande desafio”, ressaltou Luana.

A Serra é o município com maior evolução nos últimos 10 anos, subindo de 59% para 95% na coleta de esgoto, impulsionada por Parcerias Público-Privadas (PPPs). A cidade investe, em média, mais de R$ 200 por habitante/ano em saneamento.

EMISSÁRIO

Um projeto em análise prevê a implantação de um emissário submarino, solução técnica já utilizada em países como Inglaterra, Austrália e Portugal. O equipamento faria o tratamento primário do esgoto antes de lançá-lo no mar, em condições calculadas para garantir autodepuração e preservação ambiental. O projeto está em licenciamento ambiental.

Em Vitória, o acesso à água é universalizado, com 86% de coleta e 76,5% de tratamento. Vila Velha também universalizou a água, mas tem 59,8% de coleta e 50,5% de tratamento.
Cariacica apresenta 85% de acesso à água, 35,5% de coleta e apenas 23,7% de tratamento.

Luana destacou que, embora as PPPs e leilões recentes estejam ajudando a captar recursos, é necessário olhar para os municípios menores, atendidos por Serviços Autônomos de Água e Esgoto (Saaes). Uma alternativa é a união de municípios para compartilhar estruturas e atrair investimentos privados.

Cada cidade, segundo ela, precisa de solução própria, levando em conta aspectos econômicos, culturais e geográficos. Outro ponto crucial é fortalecer agências reguladoras técnicas e independentes, capazes de fiscalizar a expansão e eficiência dos serviços.

“A conscientização da população também é essencial. Muitas vezes as pessoas querem internet em casa, mas não se preocupam com o tratamento do esgoto. O saneamento melhora a saúde, valoriza o imóvel, preserva rios e praias. Esse é um trabalho que deve ser feito por governos, parlamentares e sociedade civil”, concluiu.

 

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