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Há várias décadas

Por Eraylton Moreschi, presidente da Juntos SOS Espírito Santo Ambiental / Foto: Mara Lima-Ales

Há várias décadas, informações desprovidas de acreditação cientifica são transmitidas ao Cidadão Capixaba pelos gestores públicos e privados das poluidoras ArcelorMittal, Vale e Samarco, de que “o pó preto era formado por grandes partículas que não eram respiráveis e nem inaláveis e só causavam incômodos e não afetava a saúde dos moradores nas suas regiões de atuação”.

Hoje, pesquisa cientifica (LINK ANEXO) realizada por pesquisadores éticos e idôneos, com verbas públicas, demonstra que o pó preto é composto por nano partículas quando solubilizado e o material particulado atmosférico (MP) das indústrias de mineração e siderurgia compreende vários contaminantes metálicos. Amostras de MP10 coletadas na RMGV com reconhecida influência das indústrias siderúrgicas e de pelotização de ferro foram utilizadas para investigar a incorporação de nanopartículas metálicas em células de fibroblastos humanos (MRC-5). As células MRC-5 foram expostas a 0 (controle, água ultrapura), 2,5, 5, 10, 20 e 40 μg PM10 mL-1, por 24h. Efeitos dose-resposta citotóxicos e genotóxicos foram observados no lisossomo e na estrutura do DNA, e concentrações altas como 20 e 40 μg PM10 mL-1 induziram morte celular elevada.

As análises de ultraestrutura mostraram aluminossilicato, ferro e os contaminantes metálicos emergentes titânio, bismuto e nanopartículas de cério foram incorporados às células pulmonares, nas quais a análise de nanocristalografia indicou o bismuto como Bi2O3. Todas as nanopartículas metálicas internalizadas estavam livres e não ligadas no citoplasma e núcleo indicando biodisponibilidade e potencial interação com processos biológicos e estruturas celulares. A análise de correlação de Pearson mostrou Fe, Ni, Al, Cr, Pb e Hg como os principais elementos citotóxicos associados à produção de aço inoxidável. A presença de nanopartículas internalizadas em células pulmonares humanas expostas à matéria atmosférica ambiental destaca a necessidade de um maior esforço por parte das agências reguladoras para entender seus potenciais danos e, consequentemente, a necessidade de regulamentação futura, especialmente de contaminantes metálicos emergentes.

Na composição normal do pó preto, 95% das partículas são menores que PM10.

 

Contaminação de nanopartículas metálicas por material particulado atmosférico ambiental na última placa da cadeia trófica: nanocristalografia, localização subcelular e efeitos de toxicidade

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0048969721077639

 

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