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Grande aliado de Casagrande é eleito presidente do TCES

Grande aliado de Casagrande é eleito presidente do TCES

Por Vitor Vogas / ES 360 / Foto: Divulgação

Vice-presidente eleito também é histórico aliado do governador. É inegável a conclusão de que, nos próximos dois anos, o Tribunal de Contas do Estado (TCES) estará nas mãos de uma “gestão casagrandista puro sangue”

O Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES) terá um novo presidente no próximo biênio (2026/2027), no lugar do atual ocupante do cargo, Domingos Taufner. O próximo chefe do tribunal será o conselheiro Luiz Carlos Ciciliotti. Confirmando um resultado antecipado pela coluna no último dia 15, ele foi eleito por unanimidade em votação realizada pelos conselheiros, no Pleno, na tarde desta terça-feira (21). O conselheiro foi o único candidato e obteve o voto de todos seis conselheiros que votaram. Rodrigo Coelho não participou.

Ciciliotti chegou ao TCES no começo de 2019, após ter sido escolhido pela Assembleia Legislativa – com intenso lobby do governo de Renato Casagrande (PSB), de quem é um histórico aliado. A ele são atribuídos adjetivos como “experiente”, “agregador” e “bom de diálogo”.

Segundo conselheiro mais antigo no TCES sem nunca ter exercido a presidência, Ciciliotti é também o mais velho dos sete: tem 71 anos. Pela regra da aposentadoria compulsória (aplicada a conselheiros de contas), ele se aposentará forçosamente em agosto de 2029.

Na mesma sessão, os conselheiros também escolheram, em votações subsequentes, os ocupantes dos outros cargos de chefia do TCES. No próximo biênio, o vice-presidente da Corte de Contas será Davi Diniz, o mais jovem conselheiro e o que tem menos tempo de casa: foi nomeado em março de 2024. Diniz foi convidado pelo próprio Ciciliotti para ser o seu vice-presidente.

O atual presidente, Domingos Taufner, foi eleito corregedor (cargo atualmente ocupado por Sérgio Aboudib). Rodrigo Chamoun foi reeleito diretor da Escola de Contas. Sebastião Carlos Ranna seguirá à frente da Ouvidoria por mais um par de anos.

A respeito do próximo presidente, a primeira característica que vem à lembrança é, de fato, a já mencionada relação política histórica que o aproxima do governador Renato Casagrande. É impossível pensar em um sem se lembrar do outro. Farmacêutico por formação, Ciciliotti não é somente um aliado do governador; é, inequivocamente, um dos seus maiores aliados. Até chegar ao TCES, em 2019, o hoje conselheiro de contas acompanhou Casagrande ao longo de toda a sua trajetória política, iniciada na cidade de Castelo, em meados dos anos 1980.

Assim como Casagrande, até ser nomeado conselheiro, Ciciliotti sempre foi filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Aliás, não só era filiado como também dirigente partidário: passou por vários cargos diretivos, tendo sido inclusive presidente estadual do PSB. No primeiro governo de Casagrande, ele chegou a ser secretário-chefe da Casa Civil – o principal responsável pela articulação política do governo com a Assembleia Legislativa e em outras frentes. A proximidade política com Casagrande foi determinante para sua indicação para o cargo de conselheiro, há seis anos e meio, quando começava o segundo governo do seu correligionário. Lealdade e confiança mútua sempre marcaram a relação.

A propósito, muito do que foi dito acima sobre Ciciliotti se aplica a Davi Diniz. Apesar da diferença mais óbvia – a idade, pois, na casa dos 40, Diniz é muito mais jovem –, algumas semelhanças saltam aos olhos, sobretudo no que se refere à relação de proximidade, confiança e lealdade política com Casagrande. Basta dizer que, assim como Ciciliotti no primeiro governo de Casagrande (2011/2014), Diniz foi o secretário-chefe da Casa Civil durante todo o segundo governo (2019/2022) e na primeira parte do atual, até ser nomeado conselheiro, em março de 2024. Sua chegada o tribunal se deu em circunstâncias idênticas às da nomeação de Ciciliotti: por indicação da Assembleia, mas com forte patrocínio político do governo Casagrande.

Sendo assim, por mais que sempre se alegue que, uma vez no tribunal, os conselheiros se despem das paixões e inclinações político-partidárias e por mais que isso realmente tenha fundamento – em maior ou menor grau, de acordo com cada caso –, é inegável a conclusão de que, nos próximos dois anos, o Tribunal de Contas do Estado (TCES) estará nas mãos de uma “gestão casagrandista puro sangue”.

Idade e aposentadoria: fatores preponderantes

A idade de Ciciliotti foi um dos fatores determinantes para sua eleição. Ele tem 71 anos e, em agosto de 2029, ao completar 75, será aposentado compulsoriamente. O Regimento Interno do TCES permite uma reeleição. Assim, Taufner agora poderia buscar a recondução na presidência, mas decidiu não se candidatar.

Se Taufner fosse reeleito, Ciciliotti só poderia tentar chegar à presidência na eleição de 2027, para o biênio 2028/2029. Mas, nesse caso, estaria condenado a encerrar o mandato antes do fim – o que inclusive reduziria muito suas chances de ao menos ser eleito.

Esta eleição, portanto, era a última chance de Ciciliotti conseguir se eleger presidente para cumprir integralmente um biênio na presidência.

Considerando esse fator, fontes do tribunal ouvidas pela coluna consideram que a eleição de Ciciliotti é, antes de tudo, uma maneira de homenagear um conselheiro respeitado e querido pelos colegas.

Além disso, segundo algumas fontes do TCES, já haveria um acordo entre Taufner e Ciciliotti, desde a eleição do primeiro, em outubro de 2023. Na ocasião, o voto de Ciciliotti foi decisivo para a vitória de Taufner contra o conselheiro Rodrigo Coelho, por margem mínima: 4 votos a 3. Em troca do apoio, Taufner já teria se comprometido a apoiar Ciciliotti agora como seu sucessor – como fez, efetivamente.

Por outro lado, outras fontes do tribunal avaliam que, se tivesse tentado se reeleger, Taufner enfrentaria grandes dificuldades. É possível que não tivesse o número de votos suficientes entre os colegas (três votos, além do próprio, para formar a maioria). Isso por conta de algumas críticas internas à condução da atual gestão.

Por que Coelho faltou?

O conselheiro Rodrigo Coelho não participou da eleição. Oficialmente, segundo a assessoria do TCES, cumpriu compromissos em São Paulo nesta terça-feira (21). Entretanto, é preciso recordar que, em 2023, Coelho era o “primeiro da fila”, ou a “bola da vez”, se os conselheiros tivessem seguido o tradicional sistema de “rodízio por antiguidade”, não observado naquele pleito.

Coelho, então, foi preterido, e perdeu aquela eleição para Taufner, por 4 votos 3.

Sua ausência no momento mais importante do TCES no biênio (do ponto de vista político) pode ser encarada como um silencioso protesto.

Grande aliado de Casagrande é eleito presidente do TCES

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