Por Lucas Schuina / SÉCULO DIÁRIO / Foto: Divulgação
“SOS Educação” e “Lei do Parto Livre” são as principais investidas do deputado estadual
Livre do controle do senador Magno Malta no Partido Liberal (PL), o deputado estadual Callegari – a caminho do DC – segue buscando se viabilizar na disputa para o Senado Federal nas eleições de 2026. Além das articulações com outras figuras da política, o parlamentar bolsonarista também tem tentado dar maior visibilidade a duas pautas centrais em seu mandato: as leis do “Parto Livre” e do “SOS Educação”.
As duas normas estaduais foram sancionadas após aprovação de projetos propostos por Callegari, e destoam da agenda rotineira da extrema direita. A “Lei do Parto Livre”, sancionada em julho do ano passado, determina que gestantes têm direito a escolher como desejam dar à luz, seja pelo modo normal ou por cirurgia cesariana. A norma também regulamenta a presença de acompanhante durante o procedimento e define as modalidades que são consideradas como violências obstétricas.
Já a lei do “SOS Educação” foi sancionada este ano. A norma visa coibir a violência contra profissionais que atuam na área educacional. O texto define protocolos de atuação em casos de atitudes violentas por parte de estudantes contra os trabalhadores, e também aborda as hipóteses de responsabilização penal.
Nas últimas semanas, Callegari aproveitou episódios recentes para defender os dois projetos de sua autoria, em discursos na Assembleia e materiais de comunicação. Um dos casos está relacionado a uma mãe de Colatina, na região noroeste do Estado, que passou por um parto normal de um bebê de 6,5 quilos. A mulher teve hemorragia e levou 55 pontos após o procedimento, e a criança teve o ombro deslocado na hora do nascimento e ficou cinco minutos sem respirar.
O outro caso citado por Callegari foi de um professor agredido no Distrito Federal. Segundo uma reportagem da revista Carta Capital, o docente teria proferido ofensas a uma aluna que apresenta baixa visão, e o pai da menina foi até a escola para agredi-lo.
Nessa sexta-feira (24), Callegari andou de trio elétrico pelas ruas de Cachoeiro de Itapemirim (sul do Estado), seu reduto eleitoral, gritando aos quatro cantos sobre a importância das duas iniciativas. Em vídeo publicado nas redes sociais, o deputado classificou a ação como “serviço de utilidade pública” e “conscientização”. Seus assessores também panfletaram pelo trânsito.
No início do mês, Callegari já havia colocado o vice-prefeito de Cachoeiro, Júnior Corrêa (Novo), para vestir a camisa do SOS Educação (literalmente!). Os dois andavam afastados politicamente, desde o episódio que resultou na saída de Júnior do PL e até mesmo uma quase desistência da política.
O grande desafio para chegar ao Senado vai ser furar o imenso congestionamento de candidaturas de direita. No PL, como se sabe, Magno escolheu a filha, Maguinha Malta. Outras figuras que se articulam são o também deputado estadual Sérgio Meneguelli (Republicanos) – que tem o apoio do ex-governador Paulo Hartung (PSD) – e o vereador de Vitória Leonardo Monjardim (Novo). Os deputados federais Da Vitória e Evair de Melo (ambos do PP) também são cotados para a disputa, e Carlos Manato (PL) tenta se articular, mas esbarra em obstáculos para se filiar a um novo partido.
Mas o principal pré-candidato a senador com perfil conservador que tem despontado é aliado do governador “socialista” Renato Casagrande (PSB): o prefeito de Cariacica Euclério Sampaio (MDB), que tem angariado apoios de norte a sul do Estado, após uma eleição em que recebeu quase mais de 80% dos votos.