Por Poder / ES HOJE / Foto: Divulgação
Prestes a ser reconduzido como presidente da Assembleia Legislativa no biênio que se avizinha, o deputado estadual Marcelo Santos (União Brasil) vem acumulando triunfos que se associam à paciência, ainda que nos bastidores ele seja caracterizado como completamente inquieto e acelerado.
Para a eleição da Mesa Diretora de 2023, foi necessário criar arranjos e contar com o beneplácito do governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), para virar o jogo sobre um Vandinho Leite (PSDB) visto até então como favorito. Àquela ocasião, o parlamentar de Cariacica conseguiu até mesmo superar rusga com o então colega e hoje prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Theodorico Ferraço (Progressistas).
Para essa nova fase foi necessário lidar com o filho da águia da Capital Secreta do Mundo, o vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço (MDB), virtual candidato do grupo de Casagrande para o Palácio Anchieta. O emedebista tinha predileção por Vandinho, já que este demonstrava mais afeições a ele, enquanto Marcelo, por exemplo, apoiou a candidatura de Lorenzo Pazolini (Republicanos) à reeleição em Vitória. E Pazolini é cotadíssimo para a disputa ao governo no ano que vem.
A desconfiança ganhava um quê a mais pelo fato de o presidente da Assembleia ter feito movimentações para comandar o União Brasil, liderado por Felipe Rigoni, no Espírito Santo. Havia a sensação de que a tomada da legenda pelo parlamentar de Cariacica indicaria guinada para outros grupos, de Pazolini ao ex-governador Paulo Hartung, que está prestes a se filiar ao PSD.
Direto ao ponto, Marcelo publicou, nesta quinta-feira (23), uma foto de 2014, quando apoiou a fracassada campanha de Casagrande para reeleição. Num recado velado que passa a mensagem de que “está ao lado de alguém nas horas difíceis”, o deputado reiterou que tem “palavra”, como escrito pelo próprio.
Foi a partir da bagagem acumulada por ele – que também tem episódios insólitos, como o caso do carro alvejado na campanha de 2016 -, da palavra e das amarras conquistadas que Marcelo conquistou vitórias de paciência. Isso envolve reiterar a fidelidade a Casagrande e, em consequência, a Ricardo; manter a Assembleia de modo equilibrado, visando os objetivos dele, para deputado federal (ou outro cargo que possa aparecer), e do governador; e a cereja do bolo: colocar um aliadíssimo em comum dele e do socialista para ficar à frente do União Brasil: o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, atualmente no MDB. Isso é fundamental, especialmente pensando na chapa proporcional para a Câmara dos Deputados, havendo, digamos assim, ambiente muito mais amistoso.
Já com metas ousadas para 2026, o decano da Assembleia deverá manter a paciência para não colocar os pés pelas mãos. Exemplos recentes não faltam, especialmente relacionado com a Casa de Leis. O parlamentar pode não ter ficado com o partido, mas sai do processo com muito mais motivos para sorrir do que para chorar.
Unha e carne
Ricardo Ferraço (MDB) segue participando, de modo unha e carne, das agendas com o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), como nesta quinta-feira (23), quando receberam o prefeito da Serra, Weverson Meireles (PDT), no Palácio Anchieta.