Por Poder / ES HOJE / Foto: Divulgação
A chegada de Aridelmo Teixeira, um velho conhecido do ex-governador Paulo Hartung (PSD), aos flancos do partido demonstra que o tão defendido discurso de renovação política pelo homem que já comandou três vezes o Espírito Santo está, talvez, mais voltado a rearranjos entre aliados do que a uma real oxigenação da legenda que hoje articula.
O PSD hartunguista, na prática, está longe de orbitar a base do governador Renato Casagrande (PSB), que se move para colocar o atual vice, Ricardo Ferraço (MDB), na disputa pelo Palácio Anchieta em 2026. Nesse cenário de antecipações e polarizações, resta a Hartung mirar uma aliança com o Republicanos, legenda que vem estimulando o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, a lançar-se candidato ao governo estadual no ano que vem.
O partido é comandado no Espírito Santo por uma figura mais jovem, o prefeito de Colatina, Renzo Vasconcelos. Assim, a entrada de Aridelmo soa mais como uma tentativa de equilibrar juventude com experiência administrativa. No entanto, o desempenho eleitoral recente do ex-filiado ao Novo não inspira empolgação: suas urnas não têm sido generosas.
Além do tabuleiro majoritário, há um jogo mais silencioso e estratégico em curso: a formação de nominatas para a Câmara dos Deputados. Afinal, é na Câmara que se define o tamanho dos fundos partidário e eleitoral, recursos cruciais para a sobrevivência e musculatura das legendas no cenário nacional. E é aí que Hartung, com sua grife, peso político e influência histórica, poder tentar manter alguma centralidade no xadrez capixaba.
Falta-lhe, no entanto, a caneta. A mesma que já teve em mãos e com a qual redesenhou alianças, venceu embates e ditou o ritmo da política estadual por décadas. O tempo, porém, é outro. Ainda que o mundo gire e traga surpresas no caminho, e o apoio de PH nunca deva ser subestimado, o que se desenha, por ora, é o “futuro repetindo o passado”, como cantou Cazuza. Um déjà vu de 2018, quando Hartung não preparou suas bases e viu Casagrande reassumir o protagonismo.
Resta saber, contudo, se PH prepara um “museu de grandes novidades”, com algum fator surpresa que pode mudar o jogo, ou se o tão chamativo retorno envolve mais o pensamento do ex-governador quanto ao cenário nacional.
Ou…
A ação de PH, de repente, pode ser uma saída para abarcar o PSD na chapa de Pazolini, até com Aridelmo, finalmente, como vice. A ver.