Por Tiago Alencar / A GAZETA / Foto-legenda: Gilberto Kassab diz que aposta do PSD é na candidatura de Paulo Hartung ao governo / Crédito: Divulgação e Ricardo Medeiros
“No Espírito Santo, a aposta do PSD para o governo é Paulo Hartung. Ele só não será candidato se não quiser”. A afirmação foi feita pelo presidente nacional do Partido Social Democrático (PSD), Gilberto Kassab, que conversou com exclusividade com a reportagem de A Gazeta, na manhã de quarta-feira (5). O líder partidário também falou sobre como pretende estruturar a legenda visando à corrida eleitoral de 2026 em território capixaba.
Ex-governador do Estado por três mandatos (de 2003 a 2010 e de 2015 a 2018), Hartung se filiou ao PSD em maio deste ano. Mas, em entrevistas, tem declarado apoio ao prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, como candidato ao governo capixaba. Apesar disso, por mais de uma vez no decorrer da conversa com A Gazeta, Kassab disse que o partido trabalha para ter candidaturas próprias no maior número possível de estados. Em 2022, o candidato da legenda ao Palácio Anchieta foi o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon, que terminou o primeiro turno do pleito em terceiro lugar, após receber 146.177 votos.
Essa posição de Kassab, porém, também se choca com a do presidente estadual do PSD, o prefeito de Colatina, Renzo Vasconcelos, que, nos últimos dias, teria sinalizado maior aproximação ao Palácio Anchieta. Ele, inclusive, tem sido presença constante em agendas de anúncios e entregas conduzidas pela gestão de Renato Casagrande (PSB), adversário político de Hartung.
Em meio a esse cenário, Kassab voltou a afirmar que o PSD preza pela postura republicana e ressaltou que o fortalecimento de um partido se faz com candidaturas.
Veja abaixo a entrevista íntegra com Gilberto Kassab:
Como deve ser a organização do PSD no Espírito Santo para as eleições do ano que vem?
GILBERTO KASSAB – Quero enaltecer o bom trabalho do presidente estadual do partido (Renzo Vasconcelos). Desde que assumiu, organizou o PSD, trouxe novas lideranças, alinhou o diretório à nacional e elegeu o prefeito de Colatina (o próprio Renzo). Portanto, o nosso presidente hoje é uma figura de muito prestígio no Estado. Ele é prefeito de uma das principais cidades do Espírito Santo. É muito jovem e essa gestão vai credenciá-lo para grandes voos no futuro. Temos diretriz clara: onde houver pré-candidato com densidade, trabalhamos candidatura própria ao governo. Sobre as construções no Espírito Santo, buscamos o ex-governador Paulo Hartung, gestor de excelência, muito bem avaliado. Ele só não será candidato se não quiser. Nossa missão é criar condições.
Então, a principal aposta do PSD no Espírito Santo é a candidatura de Hartung ao governo estadual?
Não tenho dúvida nenhuma. Paulo Hartung está para o Espírito Santo como o Eduardo Paes (prefeito do Rio de Janeiro pela legenda) no Rio de Janeiro. Como Ratinho Júnior (governador) no Paraná, a Raquel Lyra (governadora) em Pernambuco e tantos outros estados. Hartung é a nossa principal opção. Pesquisas qualitativas a que tivemos acesso mostram que ele tem grande sintonia com o eleitor do Estado. Todas essas pesquisas mostram uma viabilidade muito grande de ele se eleger governador.
Como o ex-governador tem recebido essa conversa sobre a possível candidatura? Ele sinalizou interesse no projeto da legenda?
Paulo Hartung conta com nosso total apoio para ser candidato ao governo do Espírito Santo. As eleições se aproximam e ele será muito procurado para ser candidato. E essa é a razão de a gente estar dando total apoio a sua candidatura.
O PSD, por meio de seu presidente estadual (Renzo Vasconcelos), tem sinalizado aproximação com diferentes atores do Estado. Como o partido pretende tratar essa especificidade local, em que dialoga tanto com governo quanto com oposição?
A direção nacional tem uma diretriz clara: nos estados em que houver pré-candidatos com densidade — como no caso de Paulo Hartung no Espírito Santo —, teremos candidatura própria ao governo. Portanto, nosso projeto no Espírito Santo é trabalhar a candidatura de Paulo Hartung ao Palácio Anchieta. Somos republicanos e buscamos manter diálogo com quem quer que seja o governador ou o prefeito. Mas nosso posicionamento é o de que o partido se faz com candidatura. Não faz nenhum sentido o partido ter Paulo Hartung e não lançar um candidato ao governo no Espírito Santo.
E como tem sido a conversa com o PSD estadual quanto às candidaturas a deputado estadual e federal e a senador em 2026??
Um partido que tem na presidência o Renzo, uma pessoa muita séria, muito bem preparada e que hoje também é prefeito de Colatina e que também pode ter um candidato como Paulo Hartung, é um partido que vai gerar a atenção de pré-candidatos que vão buscar o PSD para integrar esses quadros.
Há previsão de vinda ao Espírito Santo para chancelar esses movimentos do PSD em território capixaba?
Tenho conversado bastante com o presidente estadual. Quando as coisas estiverem maduras, combinaremos uma visita. Mas a eventual candidatura do Paulo Hartung tem brilho próprio e não depende da minha presença.