Por Eraylton Moreschi Junior, presidente da Juntos SOS Ambiental / Foto: Lucas Costa (Ales)
Monitoramento eletrônico vai medir poluição em tempo real
EcoPS, aparelho que vai monitorar o pó preto: mais transparência e fiscalização?
O monitoramento atual é certificado pela ABNT, O EcoPS Não! Quem fiscaliza é o IEMA!
Hoje (29) formalizamos a Denúncia IEMA 2543/2025 sobre a grande quantidade de pó preto que chegou na nossa residência nas últimas 36 horas. Porém, o IEMA não tem as fermentas necessárias par fazer a gestão da poluição do Pó Preto:
- Identificação do DNA do Pó Preto
- Identificação das Fontes Emissoras
- Atualização do estudo de Qualificação e Quantificação da Poeira Sedimentável na RMGV
- Novo inventário de Fontes Emissoras Industriais da RMGV
Resumindo: o que a sociedade quer:
- Implantação de metas e diretrizes eficientes e eficazes na mitigação das emissões da Ponta de Tubarão em condições climáticas adversas (Exemplo: enclausuramento em todas as pilhas de estocagem da Ponta de Tubarão),
- Informações certificadas e acreditadas para o Cidadão Capixaba
O controle da poluição do ar (o tema é monitoramento eletrônico – nada relacionado com o controle da poluição) na Grande Vitória vai entrar em uma nova fase.
O que o Cidadão morador da RMGV espera dos gestores públicos, são novos acordos (TAC) com as empresas Vale e ArcelorMittal para modernizar os seus sistemas de controles de emissões em todos os seus processos e em especial nas pilhas de estocagem nos períodos de condições climáticas adversas para mitigação das emissões de materiais particulados com métricas estabelecidas.
O engenheiro Luiz Cláudio Santolin, responsável pela EcoSoft, empresa que desenvolveu os novos sensores, destacou que a diferença é o tempo de resposta. Enquanto o sistema atual de monitoramento manual de poeira sedimentável depende de potes expostos por 30 dias e análise em laboratório — sujeita a interferências como folhas, insetos e até fezes de pássaros — o novo equipamento, chamado EcoPS, faz medições automáticas a cada dois segundos e consolida relatórios por hora.
“Isso permite que o órgão ambiental identifique imediatamente um pico de poluição, veja a direção do vento e aja rápido para cobrar quem precisa ser cobrado”,
Porém, sem identificar o ponto focal das emissões, o vento nordeste traz a poluição das empresas ArcelorMittal e Vale para a região sul da RMGV. Outros fatores “sabotadores”: as empresas têm insumos comuns (vamos prevenir situações futuras de contestação da responsabilidade pelas emissões de materiais particulados de pelotas, carvão e etc.) sem esquecer da responsabilidade compartilhada do Código do Consumidor.
Cabe ressaltar que o tempo de resposta do sistema atual de mais de 30 dias de analise nunca foi o problema para ações imediatas do IEMA para mitigação das emissões, e com certeza o novo sistema com tempo de resposta em dois segundos só servirá para saber que o pó preto aumentou, porém sem identificar as fontes emissoras responsáveis para determinar ações fiscalizatórias nas fontes emissoras responsáveis.
TCAS
Por fim, o anúncio marcou também o encerramento dos Termos de Compromisso Ambiental (TCAs) firmados em 2018 entre o Estado, os Ministérios Públicos Federal e Estadual, a Vale e a ArcelorMittal.
CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO DO TCA 2
- Pelo presente instrumento, resolvem as Partes, com base no produto final, estabelecer providências de comum acordo visando garantir o incremento do controle de emissões atmosféricas naquilo que lhes incumbe para contribuir com a melhoria da qualidade do ar na Região Metropolitana da Grande Vitória, conforme Diretrizes, Metas e Plano de Ação que são partes integrantes deste instrumento.
Em 2018 foram registrados 651,3 g/m² e em 2024 foram registados 953,3 g/m² de pó preto, quantidade 43% maior do que o registrado em 2018.
TCAs encerrados sem dar cumprimento ao mais relevante para a Saúde e Qualidade de Vida do Cidadão Capixaba, melhoria da qualidade do ar na Região Metropolitana da Grande Vitória e em especial a mitigação do pó preto.
A tese de José Gustavo da Costa (2024)
Globalmente, considerando todas as frações de material particulado na Grande Vitória, as atividades industriais responderam por cerca de 44% do material particulado total – o que reforça seu papel dominante – ao passo que a ressuspensão de poeira de solo/vias contribuiu com ~23%, emissões de veículos ~15%, aerossóis secundários ~11% e aerossol marinho ~6%. Esses valores globais englobam MP2,5/MP10, além da poeira sedimentada, mas deixam claro que praticamente quase a metade da poluição particulada da região tem origem nas indústrias da região de Tubarão, confirmando a correlação direta entre Vale/Arcelor e a poluição particulada (especialmente a fração ferrosa do pó preto).