Notícias

[wpadcenter_ad id=8039 align='none']

Canário “sabota” estação que mede pó preto na Grande Vitória

Canário "sabota" estação que mede pó preto na Grande Vitória

Por assessoria / Foto-Destaque: Deputado Gandini: “É curioso, mas serve para chamar atenção sobre um tema muito sério: a qualidade do ar que respiramos” / Crédito: Lucas Costa (Ales)

Situação inusitada foi revelada durante reunião da Comissão de Meio Ambiente da Ales, presidida pelo deputado Fabrício Gandini (PSD)

O debate sobre o pó preto na Grande Vitória ganhou um toque de inusitado durante a reunião da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa (Ales), presidida pelo deputado Fabrício Gandini (PSD). Em meio às discussões sobre tecnologia e transparência no controle da poluição, uma revelação curiosa arrancou risadas e espanto: o cocô de um canarinho está invalidando medições da qualidade do ar em Vitória.

O caso foi relatado pelo coordenador de Qualidade do Ar e Áreas Contaminadas do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Vinícius Rocha Silva, ao ser questionado sobre as limitações do modelo manual de monitoramento, após uma amostra ter sido classificada como inconclusiva.

“O monitoramento manual é muito suscetível a interferências externas. No caso do Clube Ítalo, em Vitória, temos enfrentado um problema específico: um canário pousa no coletor e o cocô dele acaba contaminando a amostra. Isso interfere no resultado e inviabiliza o uso dos dados”, explicou o técnico, em meio a risadas dos parlamentares e convidados.

A estação fica próxima ao Clube Ítalo Brasileiro, voltada para a Ponta de Tubarão, área com registros recorrentes de reclamações sobre o pó preto. Segundo o coordenador, o problema vem ocorrendo há cerca de um ano e, em julho, uma coleta precisou ser descartada.

O Iema já estuda, com o setor de fauna, alternativas para afastar o passarinho sem comprometer o funcionamento da estação.

“É um ponto estratégico para o monitoramento da poluição, e não podemos simplesmente desativar. Estamos avaliando soluções que afastem as aves sem interferir na coleta”, acrescentou Vinícius.

Mas o episódio do “canário sabotador” não é o único exemplo das dificuldades enfrentadas pela rede de monitoramento. O coordenador contou que, em Carapebus, na Serra, uma estação precisou ser desativada depois que uma escola decidiu construir um telhado ao lado do equipamento, o que inviabilizou a coleta.

“Foi uma situação inusitada também. A estação ficava dentro de uma escola e a direção resolveu cobrir parte do pátio. A obra do novo telhado passou a interferir diretamente na amostragem, e tivemos que encerrar o monitoramento naquele ponto”, contou Vinícius.

Para o deputado Fabrício Gandini, os dois episódios — o do canário e o da escola — reforçam a necessidade urgente de modernização do sistema.

“É quase inacreditável imaginar que um passarinho ou uma obra escolar possam interferir na medição da qualidade do ar. Mas isso mostra como o modelo manual é vulnerável e reforça a importância do novo monitoramento eletrônico, que vai garantir dados mais precisos”, destacou o parlamentar.

O novo sistema, que será implantado a partir de um acordo de cooperação entre o governo do Estado e as empresas poluidoras, tem assinatura prevista para o dia 28 deste mês. Ele permitirá medições automáticas, ampliará a transparência e trará mais agilidade para a fiscalização ambiental.

De acordo com o Iema, o investimento será custeado pelas próprias empresas, sem custo para o Estado, e o início das medições automáticas deve ocorrer nos próximos meses, após a chegada e calibração dos equipamentos.

Atualmente, a Grande Vitória conta com oito estações de monitoramento: Laranjeiras e ArcelorMittal Carapina (Serra); Jardim Camburi, na Enseada do Suá, Vitória-Centro (Ministério da Fazenda) (Vitória); ArcelorMittal Continental, Vila Capixaba (Ceasa) e Ibes (Vila Velha).

A meta é chegar a 13 estações até o fim do próximo ano, consolidando a rede mais densa de monitoramento do país.

AVANÇOS

O deputado Gandini ressaltou também que o governo estadual está avançando em outras frentes, como o inventário das fontes emissoras e o estudo do DNA do pó preto, que permitirá identificar com precisão a origem das partículas.

“Estamos em um momento importante para a sociedade. Com tecnologia e transparência, vamos descobrir de onde vem a poluição e agir com justiça e eficiência. O cidadão precisa saber, de forma simples, se o ar que respira está bom ou ruim”, destacou Gandini.

O parlamentar anunciou ainda que a Comissão de Meio Ambiente vai promover uma audiência pública para aprofundar o debate.

“Casos como o do canário e o da escola mostram que o controle da poluição é um desafio técnico e humano. Mas com fiscalização, transparência e investimento em tecnologia, vamos seguir avançando. Afinal, estamos falando da saúde da população”, concluiu Gandini.

Canário "sabota" estação que mede pó preto na Grande Vitória

Canário “sabota” estação que mede pó preto na Grande Vitória

Canário "sabota" estação que mede pó preto na Grande Vitória