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Radar político volta a apitar para Arnaldinho: filiação ao PP empacou

Radar político volta a apitar para Arnaldinho: filiação ao PP empacou

Por Vitor Vogas / ES 360 / Foto: Divulgação

Na Federação União Progressista, o caminho para prefeito de Vila Velha ser candidato a governador virou corrida de obstáculos. Se estiver dirigindo, virou via repleta de radares

Em dado momento de agosto, o prefeito Arnaldinho pareceu muito, muito perto, de se filiar ao Progressistas (PP). Assim indicavam postagens do próprio prefeito, que chegou a dar seta para entrar no partido: “Esse é o caminho que acredito e que quero seguir”. A tendência de filiação foi reforçada por declarações de agentes políticos envolvidos nas tratativas, como os deputados federais Da Vitória (PP) e Victor Linhalis (Podemos). Mas já não é bem assim. Em veloz reordenamento do cenário, parece que, neste momento, se o prefeito acelerar demais para entrar no PP, o radar político pode gerar uma notificação (ou até uma advertência) para ele. Por isso, o acelerador deu lugar a pé no freio e cautela. Arnaldinho “deu uma segurada”. E a filiação ao PP empacou.

O motivo maior da mudança de pedal: falta de consenso, dentro da Federação União Progressista (PP + União Brasil), quanto ao caminho a seguir na eleição majoritária de 2026 no Espírito Santo. Para Arnaldinho – como vimos alertando aqui desde o começo deste processo –, entrar no PP para ser candidato a governador, sem ter o controle do partido, muito menos o da federação no Estado, é um movimento muito arriscado. Mais adiante, pode se revelar um passo em falso, um beco político sem saída. Isso porque, basicamente, não há garantia efetiva de que, entrando no PP, o prefeito de Vila Velha de fato poderá ser candidato a governador, conforme almeja.

Para começo de conversa, os três principais líderes da federação no Espírito Santo estão apontando, hoje, para projetos majoritários diferentes.

No dia 30 de setembro, Arnaldinho foi a Brasília com Da Vitória, presidente estadual do PP e da Federação União Progressista no Espírito Santo. Da Vitória o levou pessoalmente ao encontro do senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP. O deputado federal Victor Linhalis (Podemos), escudeiro político de Arnaldinho, também participou do encontro. Logo após a reunião, ouvimos Da Vitória e Linhalis.

“Com o aval do Ciro e do Da Vitória, o presidente nacional e o estadual, Arnaldinho vai se filiar ao PP”, anunciou Linhalis.

“Essa é a intenção clara do Arnaldinho, e ele terá a legenda. O Ciro deu a ele essa segurança de que, estando alinhado com o nosso Diretório Estadual, como ele está fazendo, ele terá garantia de disputa aqui”, corroborou Da Vitória. “A conversa foi conclusiva para o Arnaldinho na medida em que ele precisava de uma segurança para vir para cá. E ele ouviu que aqui ele terá essa segurança.” O presidente estadual do PP ainda adiantou: “Ele deve se filiar em breve, sem cronograma nem data marcada”.

Naquela oportunidade, Linhalis declarou até que, em breve, Ciro viria pessoalmente ao Espírito Santo, para um evento de filiação e lançamento da pré-candidatura de Arnaldinho pelo PP.

Mas bastaram pouquíssimos dias para essa quentura esfriar. “Faltou combinar com o outro lado”. E o outro lado, no caso, é o União Brasil, representado no Espírito Santo por Marcelo Santos, presidente estadual do partido desde agosto. Marcelo está fechado com Ricardo Ferraço (MDB) e não abre mão de apoiar a pré-candidatura do vice-governador ao Palácio Anchieta.

Já no mês de janeiro, em articulação crucial para sua própria reeleição na presidência da Assembleia, Marcelo foi a Brasília com Ricardo e o governador Renato Casagrande (PSB), ao encontro do presidente nacional do União Brasil, Antônio de Rueda. Além de uma foto emblemática dos três com Rueda, Marcelo voltou de lá anunciando que o União Brasil estaria no projeto majoritário do Palácio Anchieta em 2026. A esta altura, já não cabe a menor dúvida de que o “projeto majoritário do Palácio Anchieta em 2026” é a eleição de Ricardo Ferraço.

Ao longo dos meses seguintes, Marcelo se estabeleceu como um dos principais apoiadores do “Projeto Ricardo”, assim como Euclério Sampaio (MDB), Gilson Daniel (Podemos) e Sérgio Vidigal (PDT).

Em meados do primeiro semestre, Marcelo passou a aparecer ao lado de Ricardo em eventos com explícito caráter de pré-campanha e a declarar publicamente seu apoio ao vice-governador. Exemplo disso foi um grande ato de “prestação de contas do mandato” realizado pelo presidente da Assembleia no dia 31 de maio (um sábado), na sede da Aspomires, em Vitória. desde que assumiu a presidência estadual do União, o presidente da Assembleia tem intensificado as manifestações de apoio a Ricardo. Nos últimos dias, protagonizou maratona pré-eleitoral ao lado do vice-governador.

Na última terça-feira (14), em evento de pré-campanha em Cariacica Sede, Marcelo disse a Ricardo: “Você vai ser o próximo governador do Espírito Santo”.

Já no último fim de semana, entre sexta-feira (17) e sábado (18), Marcelo e Ricardo passaram quase o tempo todo juntos. No sábado de manhã, Marcelo mediou encontro de Ricardo com ninguém menos que Carlos Manato (PL), na pousada do ex-deputado, em Pedra Azul. Em seguida, Marcelo foi com Ricardo a Colatina. Lá, os dois subiram ao palanque ao lado de Da Vitória, em sinal de entrosamento político entre os três.

Só por isso, já poderíamos dizer que o espaço está congestionado para Arnaldinho na Federação União Progressista. Desde que saiu do Podemos, em março, o prefeito de Vila Velha busca um abrigo partidário onde tenha certeza de legenda e segurança política para construir sua candidatura a governador. Neste momento, porém, no União Progressista, o que ele encontra é incerteza e insegurança.

Como se fosse pouco, Marcelo Santos fez e reiterou convite público para que o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, filie-se ao União Brasil para ser candidato a senador – e a garantia de legenda para disputar o Senado é precisamente a condição de Euclério para se filiar.

Essa articulação paralela congestiona ainda mais um caminho que já não estava limpo para Arnaldinho ser mesmo candidato a governador, caso entre no PP. Como já observamos aqui, exercitando cenários, são remotas as chances de a Federação União Progressista lançar um candidato a senador e ainda por cima um candidato a governador. O meio de campo ficou ainda mais embolado.

Para completar, o próprio Da Vitória não esconde que ele mesmo aspira a ser candidato majoritário (governador ou senador) em 2026 – obviamente, pela mesma federação, comandada por ele no Estado.

Isso sem mencionar as articulações paralelas do deputado federal Evair de Melo, também do PP, que tem puxado o partido para outra extremidade. O bolsonarista se consolidou como um dos maiores aliados eleitorais de Lorenzo Pazolini (Republicanos) e, se depender dele, o PP estará no palanque do prefeito de Vitória. Por conseguinte, como não há PP sozinho, a Federação União Progressista estaria em peso na coligação liderada por Pazolini para o Governo do Estado, em se confirmando o cenário defendido por Evair – em detrimento de Ricardo e, claro, de Arnaldinho.

Considerada essa soma de fatores, a pergunta inevitável que se faz é: em meio a esse cipoal, onde é que cabe, ou se encaixa, a pré-candidatura de Arnaldinho, hoje, dentro dessa federação? Que certeza ele terá de que poderá mesmo ser candidato se entrar no PP?

Em vez de uma nova casa, segura e confortável, com corredores abertos e um salão espaçoso e arejado, o União Progressista virou um casarão com corredores impedidos, cômodos asfixiantes, abarrotados de mobília e caixas empilhadas; um depósito apinhado de objetos. Para entrar ali, após pedir licença a vários inquilinos, o prefeito teria de abrir o seu caminho pela casa, tomando cuidado a cada passo para não esbarrar em ninguém, não derrubar nem quebrar nada.

O caminho está longe de estar livre. Se o prefeito estiver correndo, virou corrida de obstáculos. Se estiver dirigindo, virou via repleta de radares.

Radar político volta a apitar para Arnaldinho: filiação ao PP empacou

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