Por assessoria / Foto-destaque: Ecops, monitor automático de poeira sedimentável / Crédito: Iema (Divulgação)
Controle eletrônico facilitará ações de fiscalização e transparência ambiental. Meta é ampliar de oito para 13 o número de estações
O controle da poluição atmosférica na Grande Vitória vai ganhar reforço tecnológico. O governo do Estado deve assinar no dia 28 deste mês um acordo de cooperação com empresas para implantação do monitoramento eletrônico da qualidade do ar, sistema que vai permitir acompanhar, em tempo real, a presença de partículas e gases na atmosfera.

Gandini durante a reunião da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa: “Agora, com o monitoramento eletrônico, teremos condições reais de identificar as fontes e agir de forma mais eficaz”. Crédito. Lucas Costa/ Assembleia.
O anúncio foi feito durante reunião da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa (Ales), presidida pelo deputado Fabrício Gandini (PSD), que destacou a importância de modernizar o controle da poluição e garantir mais transparência à população.
De acordo com Vinícius Rocha Silva, coordenador de Qualidade do Ar e Áreas Contaminadas do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), o novo modelo representa um salto de precisão e agilidade nas medições.
“Hoje o acompanhamento é feito por duas redes: uma manual, que coleta poeira sedimentável por meio de baldes trocados mensalmente e analisados em laboratório, e outra automática, que monitora gases e partículas finas (PM10 e PM2,5) de forma contínua. O novo sistema vai automatizar também o monitoramento da poeira sedimentável, permitindo medições de hora em hora. É um ganho enorme para o controle ambiental”, explicou.
Segundo Vinícius, os equipamentos eletrônicos serão instalados inicialmente em oito pontos estratégicos da Grande Vitória, definidos em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama). O investimento será custeado pelas próprias empresas envolvidas no acordo, que ficarão responsáveis pela compra e repasse dos aparelhos ao Iema, encarregado da operação.
“O acordo não gera custos diretos para o Estado. As empresas farão a aquisição dos equipamentos e o Iema fará a instalação e a operação. O processo começa com a assinatura no dia 28, mas a coleta automática deve ter início nos próximos meses, após a chegada e calibração dos equipamentos”, informou o coordenador.
O objetivo é que, após a implantação completa, a rede passe de oito para 13 estações de monitoramento, cobrindo todas as regiões da Grande Vitória. Os dois sistemas vão coexistir.
“Hoje, o resultado da poeira só é conhecido ao final de cada mês. Com o sistema eletrônico, poderemos identificar variações de hora em hora e agir imediatamente. Se uma obra causar aumento de poeira, por exemplo, poderemos verificar no sistema e acionar o responsável no mesmo dia”, destacou Vinícius.
Durante a reunião, o presidente da ONG Juntos SOS ES Ambiental, Eraylton Moreschi, reforçou a necessidade de identificar com precisão as fontes de poluição.
“Não conseguimos fazer a gestão da qualidade do ar sem um diagnóstico completo. Precisamos conhecer o DNA do pó preto e elaborar inventários de fontes para identificar os responsáveis pela poluição”, disse Moreschi.
O ambientalista é autor do livro “O pó preto de cada dia, não nos dai hoje”, que reúne dados e análises sobre o tema e está disponível gratuitamente pelo e-mail juntos@terra.com.br
O deputado Fabrício Gandini elogiou a transparência das informações prestadas pelo Iema e defendeu que o novo sistema seja acompanhado de resultados concretos.
“É importante que a sociedade civil tenha trazido esse debate. A ONG SOS Ambiental apresentou dados relevantes sobre o aumento da poluição, mesmo após os Termos de Compromisso Ambiental (TCAs) firmados com as mineradoras Vale e ArcelorMittal. Agora, com o monitoramento eletrônico e o DNA do pó preto, teremos condições reais de identificar as fontes e agir de forma mais eficaz”, afirmou o parlamentar.
Para Gandini, os novos instrumentos — o monitoramento eletrônico, o inventário de fontes e o estudo do DNA do pó preto — serão decisivos para dar precisão e agilidade às ações ambientais.
“Estamos em um momento decisivo. Precisamos descobrir de onde vem a poluição para agir com justiça e eficiência. Os TCAs foram um avanço importante, mas ainda há muito a fazer. Com o novo sistema, teremos dados em tempo real e o cidadão poderá acompanhar, na palma da mão, a qualidade do ar que respira”, reforçou Gandini.
O parlamentar anunciou ainda que a Comissão de Meio Ambiente vai realizar uma audiência pública para aprofundar o debate sobre o tema, com data a ser definida.
Atualmente, o Iema opera oito estações de monitoramento da qualidade do ar, localizadas em Laranjeiras, Jardim Camburi, Enseada do Suá (três pontos), ArcelorMittal Carapina, ArcelorMittal Continental, Vitória-Centro (Ministério da Fazenda), Vila Capixaba (Ceasa) e Ibes (Vila Velha).
Com a chegada dos novos equipamentos, a previsão é ampliar a rede para 13 estações, garantindo uma cobertura mais ampla e respostas mais rápidas às reclamações da população.