Por Poder / ES HOJE / Foto: Divulgação
Duas semanas após o 7 de Setembro, marcado pelas maiores manifestações em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), organizadas por grupos conservadores, foi a vez de movimentos mais progressistas ocuparem as ruas, inclusive no Espírito Santo, em protesto contra a chamada PEC da Blindagem.
Há pouco tempo, esta coluna destacou que o Espírito Santo foi um terreno fértil para Bolsonaro em 2022, quando superou nas urnas o presidente Lula (PT). À época, analisamos que a mobilização conservadora, em pleno horário de almoço de domingo, revelava a fidelidade de um eleitorado que pode ser determinante sobretudo nas disputas proporcionais, como as da Assembleia Legislativa e da Câmara dos Deputados.
É inegável que, nos últimos anos, foram as manifestações de direita que ganharam mais força no Estado. Se nos anos 2000 era comum ver protestos estudantis e de viés progressista, o cenário mudou após 2013, especialmente com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ocorrido em 2016. Desde então, atos conservadores se consolidaram como os mais numerosos.
Nesse contexto, chama atenção o fato de um movimento com ampla presença de políticos de esquerda ter conseguido reunir um público expressivo em frente à Assembleia Legislativa, algo até celebrado pela vereadora de Vitória Karla Coser (PT). A mobilização mostrou capacidade de extrapolar a bolha tradicional do eleitorado progressista.
E, embora a comparação direta com a recente passeata conservadora, que chegou a cruzar a Terceira Ponte, possa levar opositores a dizer que o ato “flopou”, a simples ocupação de espaço público com legitimidade já representa um sinal de engajamento, capaz de acionar o chamado eleitor silencioso, aquele que muitas vezes decide o jogo eleitoral.
Outro ponto curioso é que a PEC da Blindagem conseguiu algo raro: uniu setores da esquerda e da direita em um mesmo discurso crítico ao centrão. Mas esse efeito, singular no atual tabuleiro político, merece uma análise à parte.
O fato é que o movimento recente reforça a ideia de que o País segue em ritmo de polarização. O caminho até 2026 é longo, mas as manifestações indicam que tanto no plano nacional, com a disputa presidencial, quanto no cenário local, em especial nas eleições proporcionais, a divisão entre campos ideológicos tende a se repetir. São cenas dos próximos capítulos.
Manifestação
Ainda que não tenha participado das manifestações presencialmente contra a PEC da Blindagem, o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), se posicionou nas redes sociais: “Hoje o Brasil se une contra privilégios e injustiça. Não à impunidade, não à blindagem!”.