Por Amanda Amaral / ES BRASIL / Foto: Lucas S. Costa (Ales)
Moradores de Jardim Camburi afirmam que o mergulhão prioriza os veículos em detrimento das pessoas e pode dificultar acesso à praia
A construção de mergulhões no cruzamento das avenidas Norte-Sul e Dante Michelini, em Jardim Camburi, Vitória, novamente é palco de debate nesta quarta-feira (03). Desta vez, na Tribuna Popular da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), quando a fase dos discursos da sessão ordinária foi destinada à sociedade civil.
A obra do mergulhão está orçada em R$ 77,5 milhões e se prazo de conclusão é de dois anos e meio. De acordo com a Prefeitura de Vitória, as intervenções visam a melhoria no trânsito da região. Dois moradores de Jardim Camburi participaram da Tribuna Popular: o consultor de empresas José Bicalho Júnior, e a ex-presidente da Associação dos Moradores de Jardim Camburi, a professora Arlete Pereira, esta a convite da deputada Iriny Lopes (PT).
“A única coisa que essa obra vai fazer é antecipar em 60 segundos a chegada dos motoristas ao próximo congestionamento, no entroncamento com a avenida Adalberto Simão Nader. É uma obra que está na contramão do que se discute no mundo, priorizando os veículos em detrimento das pessoas, que não terão acesso à praia num trecho de quase um quilômetro”, disse José Bicalho.
Arlete Pereira questionou se vale a pena tanto dinheiro para obter o que ela considera insignificante. “Falta diálogo com a comunidade. A prefeitura só se comunica por meio da imprensa e de fotos, não apresenta detalhes. Nunca realizou uma audiência pública. Quando a comunidade se reuniu e a convidou, ela não compareceu”, disse Arlete.
Audiência Pública
Foram realizados seis encontros com a comunidade, cinco reuniões e uma audiência pública, para falar das obras do mergulhão, de acordo com a Prefeitura de Vitória. Estas reuniões ocorreram no Ministério Público, na sede da Associação Comunitária de Jardim Camburi, e em condomínios próximos ao canteiro de obras, na Secretaria Municipal de Obras, além da audiência na Câmara de Vitória.
A Prefeitura divulgou ainda que, nessas ocasiões, foram apresentados os projetos, os estudos de tráfego, o impacto no trânsito e as licenças ambientais necessárias para as obras.
Poluição do ar
Nesta quarta-feira (03), também foi apresentada, de forma inédita, a pesquisa do doutorado de José Gustavo da Costa, realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo apontou que 44% das emissões vêm das atividades industriais, 23% de ressuspensão de vias, 15% de emissões veiculares, o restante de outras fontes.
O resultado foi apresentado pelo advogado e ex-vereador da capital André Moreira, autor da Lei Municipal 10.011/2023 – que foi questionada pelo setor industrial, mas se tornou norma constitucional após decisão do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). A legislação estabelecendo tolerância de 5g de poeira por metro quadrado em 30 dias para áreas residenciais e comerciais na capital capixaba.