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Casagrande discorda de Arnaldinho: “Idade não será fator preponderante”

Por Vitor Vogas / ES 360 / Foto: Divulgação

Confira aqui as opiniões do governador sobre as teses do prefeito de Vila Velha para ser candidato a governador. Casagrande também enxugou a sua lista de aliados que podem se candidatar com seu apoio em 2026. Começou com quatro, depois subiu para seis e agora está em apenas três nomes

O prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido), lançou para valer, na semana passada, a sua pré-candidatura a governador do Espírito Santo. Em artigo publicado em A Gazeta e encaminhado à coluna por sua assessoria de imprensa, não só se declarou pré-candidato como estabeleceu as bases conceituais do seu projeto eleitoral.

Arnaldinho defende que os capixabas estão prestes a assistir ao encerramento de um ciclo de 24 anos de revezamento no poder dos dois mesmos líderes políticos: Renato Casagrande e Paulo Hartung. Para além disso, o prefeito acredita que, para suceder esse ciclo, os capixabas desejam eleger um novo líder político, representante de outra geração. Para Arnaldinho, estamos diante de uma iminente mudança de ciclo geracional.

“Os resultados da pesquisa confirmaram os diálogos que já havia estabelecido: os capixabas desejam um governador que represente uma nova geração de políticos comprometidos com a gestão pública, que possua capacidade de diálogo, de liderar e de montar equipes, que seja transparente e que cultive princípios conservadores”, afirmou Arnaldinho, em seu “manifesto de lançamento”.

Arnaldinho, 41 anos, de fato é representante de uma nova geração de líderes políticos no Espírito Santo. Como o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), o prefeito é aliado do governador Renato Casagrande (PSB) e quer ser candidato a governador por esse grupo. Diferentemente de Arnaldinho, Ricardo é da mesma geração política de Casagrande. Os dois iniciaram sua militância nos idos dos anos 1980, enquanto Arnaldinho se elegeu para o primeiro mandato em 2012.

Casagrande já não esconde sua predileção pela candidatura de Ricardo – opção muito mais cômoda para ele, na medida em que facilita sua própria candidatura ao Senado. Mas seu grande objetivo, no momento, é unificar seu grupo e lançar um só candidato à sua sucessão na próxima eleição estadual.

Tudo isso considerado, perguntamos a Casagrande como ele mesmo avalia as teses de Arnaldinho Borgo. Concorda com elas ou discorda do prefeito? A resposta do governador é uma respeitosa, mas sonora discordância com Arnaldinho. Para Casagrande, basicamente, a idade ou a juventude do candidato não será fator preponderante na escolha dos eleitores capixabas no ano que vem.

Ah, o governador também enxugou a sua lista de aliados que podem se candidatar a governador com o seu apoio em 2026. Começou com quatro, depois subiu para seis e agora está em apenas três nomes. Mas Casagrande quer subsumi-los a um, somente um, com o apoio dos demais. Eis seu grande desafio político.

Confira as opiniões de Casagrande sobre as teses de Arnaldinho no pingue-pongue a seguir.

Governador, em entrevista à revista Exame, na semana passada, o senhor deu uma bela “enxugada” na sua própria lista de potenciais candidatos a governador. Nesse “jogo de resta um”, quem foi que restou na sua lista atual?

Nós já temos a posição do Euclério Sampaio, que já manifestou apoio ao Ricardo. O Gilson Daniel também já manifestou apoio ao Ricardo. Hoje, além naturalmente do Ricardo, nós temos pessoas que ainda tratam do assunto e desejam discutir o governo: o Josias da Vitória, o Arnaldinho Borgo em especial. Esses são os três nomes que estão debatendo mais conosco as suas posições.

O prefeito Arnaldinho se lançou para valer na semana passada, lançando também as bases conceituais de sua pré-candidatura. O prefeito argumenta que estamos na iminência do encerramento de um ciclo político. Acredito que pouca discordância e discussão haverá sobre esse primeiro ponto. O senhor não pode ser candidato a governador, e Paulo Hartung não o será. Mas, no segundo ponto, o prefeito defende que estamos às portas de uma “mudança geracional” e que os capixabas querem eleger um jovem líder político, de uma nova geração de lideranças. O senhor concorda com isso, ou acha que não necessariamente será assim?

Olha, o Arnaldinho tem todo o direito de construir a sua tese, naturalmente, porque ele deseja ser o candidato ao governo. Eu, naturalmente, defendo que nós estejamos todos juntos. Vou trabalhar até a hora do registro de candidatura para que nós tenhamos um nome só para ser o candidato do nosso movimento. O primeiro registro que quero fazer, antes de qualquer observação, é esse.

Em segundo lugar, não é percebido em política que as pessoas querem um jovem. As pessoas querem, na verdade, pessoas modernas, que se modernizem a cada momento, independentemente da idade da pessoa.

Tem muitos jovens que são atrasados na sua postura, na sua forma de agir, e tem pessoas de mais idade que são modernas na sua forma de agir. O que as pessoas querem são gestores antenados com o momento que estamos vivendo. É isso que eu acho que ele quis dizer. Talvez ele tenha dito isso de outra forma. Mas é isso que eu entendo.

No caso do Ricardo, o senhor acha que isso se aplica? Um líder não tão jovem, mas “moderno”?

Totalmente moderno. E é uma pessoa com total saúde, assim como Arnaldinho. Uma pessoa jovem, moderna… Acho que a transição geracional depende muito de resultados e da pessoa. Pode ser que uma tese como essa que se coloca, de “transição geracional”, funcione se você tiver um ambiente de desorganização institucional, de falta de resultados do governo, então isso pode funcionar. Mas, quando você tem as instituições funcionando bem, você tem resultados do governo, você tem lideranças de idades diferentes, mas em sintonia com aquilo que a gente hoje tem no Estado e que a sociedade deseja… acho que isso é que vai ser observado pela população.

Então, na sua avaliação, esse fator geracional, ou etário, não será o fator preponderante?

Não, não será o fator preponderante. Acho que o que será preponderante é a capacidade que o candidato vai ter de comunicação e de interação com a sociedade, independentemente da sua idade. Acho que a pessoa, para ser candidata ou para exercer qualquer outro papel, tem que estar saudável, com saúde. Mas não é a idade que vai dizer isso e sim a capacidade de conexão e de estabelecimento de links com a sociedade.

Casagrande discorda de Arnaldinho: “Idade não será fator preponderante”

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